5/27/2011

O Uso do Computador no Processo Ensino-Aprendizagem


- ABORDAGEM E TENDÊNCIA NA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO –

Rosivar Marra Leite

jabana@brasilvision.com.br

Universidade Federal de Lavras

LAVRAS – MG, BRASIL, CEP 37200-000

Rêmulo Maia Alves

rma@ufla.br

Resumo

Este artigo aborda o uso do computador na escola focalizando-o do ponto de vista da sala de aula, ou seja, no nível do processo ensino-aprendizagem. O contexto nele realizado é dado pelo esforço teórico e prático de estabelecer como se dá o uso do computador no processo ensino-aprendizagem, como a escola está se adaptando a essa nova tecnologia e como estão reagindo aluno e professor nesse processo de inovação.

Palavras chave: Computador, Escola, Processo Ensino-Aprendizagem.

Abstract

This article approaches the use of the computer at school, adjusting it from the point of view of the classroom, in other words, on teaching-learning process level. The context accomplished in it is given by theoretical and pratical effort to establish how is the usage of the computer for the process teaching-learning and how school is adapting itself to that new technology and how the teachers and students are reacting to this process of innovation.

Key Words: Computer, School, Process Teaching-Learning.

1. Introdução

No cenário atual, discutir novas tendências para o uso da tecnologia na educação, exige uma reflexão contínua do processo educativo e em torno das práticas pedagógicas desenvolvidas em ambientes informatizados.

Nessa perspectiva, o principal objetivo da escola compatível com a sociedade do conhecimento é criar ambientes de aprendizagem que propiciem a experiência.

O objetivo deste trabalho é oferecer subsídios a todos aqueles que trabalham com educação, ajudando-os a compreender a inserção do computador na escola como um processo irreversível, e seu uso na melhoria da eficácia do processo ensino-aprendizagem.

Aluna de Pós-Graduação do Curso de Informática em Educação da UFLA.

Professor do Departamento de Ciência da Computação da UFLA.

2. Referencial Teórico

2.1. Breve Histórico sobre a Introdução do Computador nas Escolas Brasileiras

Percorreu-se um longo caminho, tanto pelo MEC, quanto por Secretarias Estaduais de Educação até chegar-se ao Proinfo (Programa Nacional de Informática na Educação). O Proinfo consiste na instalação de laboratórios de informática em escolas públicas e preparação de professores para o uso do computador no processo pedagógico.

Foi estabelecido que, para receber um laboratório, a escola deveria ter mais de 150 alunos, apresentar um projeto e comprovar ter infra-estrutura física para a instalação dos equipamentos.

2.2. Relato de Experiências e Opiniões Coletadas sobre o Uso do Computador no Processo Ensino-Aprendizagem

Numa pesquisa realizada na Internet encontraram-se alguns artigos que tratavam do tema “O Uso do Computador na Escola”, que implica o uso dessa tecnologia no processo ensino-aprendizagem. Alguns autores se portam totalmente contrários a esse uso para o computador, enquanto outros se colocam favoráveis. Eis alguns desses artigos e entrevistas:

1. Roque Spencer Maciel de Barros, Professor da Faculdade de Educação da USP e autor de “Ensaios sobre Educação”, faz sérias restrições ao uso do computador no processo ensino aprendizagem. Ele comenta em seu artigo intitulado “O Computador na Escola”:

(...) Como antigo professor de Filosofia da Educação, muito mais preocupado com a formação do aluno do que com a simples informação, tenho simpatia, para não dizer logo concordância, com as ferinas observações do professor Setzer, o mais radical no assunto: “Você aperta um botão e sempre vai acontecer a mesma coisa, a menos que a máquina esteja quebrada.” (...)

2.Valdemar W. Setzer, professor do Departamento de Ciência da Computação da USP, reintera sua posição em entrevista à Sueli Parente . Eis trechos de seus comentários:

(...) “ Deixem as crianças serem infantis. Não lhes dêem acesso à televisão, ao videogame ou ao computador, porque nos três casos não estarão se comportando como deveriam, correndo, jogando bola, brincando de esconde-esconde, socializando-se de maneira muito intuitiva, natural. Não há nenhuma necessidade de aprender a usar computador quando criança. Porque em primeiro lugar, esse computador vai ser totalmente diferente daqui a cinco anos. Os computadores estão ficando cada vez mais fáceis de serem usados. Em dez minutos ensino qualquer pessoa madura a usar a parte básica de um editor de textos. Para que ficar horas e horas na escola usando computador para aprender uma coisa que é tão obvia e que daqui a cinco, vinte anos será muito mais simples de ser usada?” (...)

3. Marisa Lucena, que é Doutora em Informática na Educação e em Engenharia de Sistemas e Computação pela Coppe/UFRJ, expressou visão diferente, em entrevista ao Globo-On. Eis alguns trechos da entrevista concedida:

(...) O que nos impressiona é a capacidade que a criança tem de começar do zero. Se por acaso a máquina trava, e o que foi escrito no editor se perde, o adulto se desespera. A criança nem liga. Começa tudo de novo. Acredito que uma criança que está sendo criada nesses termos, será um adulto menos ansioso quando tiver que fazer seus grandes textos. (...)

3 - Material e Métodos

A pesquisa foi realizada no “Colégio Estadual Frei Tomás”, situado no município de Itaocara, região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, no período de maio a julho do ano de 2002.

Inicialmente foi solicitado aos professores e alunos do Primeiro e Segundo Segmentos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, o preenchimento de um questionário, com o intuito de se obter informações sobre o uso do computador no processo ensino-aprendizagem.

O diretor do colégio foi entrevistado a fim de colher dados sobre o grau de informatização em que a escola se encontra e verificar como o responsável pela tomada de decisões vê o uso do computador na escola.

Os alunos do colégio foram chamados ao laboratório de informática para a realização de uma atividade. Inicialmente foram apresentados slides que tratavam do tema “Informática em Educação” (1ºAno do Curso de Formação de Professores) e “Copa 2002” (8ª e 4ª séries do Ensino Fundamental). Após iniciou-se uma discussão sobre o tema apresentado. Posteriormente, os alunos assistiram novos slides com uma ilusão de ótica com a bandeira brasileira.

4. Resultado e Discussão

Em visita ao laboratório de informática do C. E. Frei Tomás, percebeu-se que o mesmo fica localizado numa sala pequena, de aproximadamente 4 m X 3 m, contendo cinco computadores, uma impressora jato de tinta, um scanner, cinco estabilizadores e um aparelho de ar condicionado, onde estava fixado o aviso “Com defeito”.

Na pesquisa realizada constatou-se que o Proinfo exigiu infra-estrutura nas escolas para a instalação dos laboratórios de Informática, o que não se percebe na prática durante a visita ao Colégio Estadual Frei Tomás.

Dos dados coletados pelos questionários respondidos pelos professores do colégio, originou-se a tabela a seguir:

Tabela 1 – Resultado dos Questionários Aplicados aos Professores do Colégio Estadual “Frei Tomás”

Ensino Fundamental
Ensino
1.º Segmento (%)
2.º Segmento (%)
Médio (%)
Importância
Sim
Não
Depende
Sim
Não
Depende
Sim
Não
Depende
do uso do computador no processo ensino-aprendizagem

22

0

78

34

0

66

57

0

43
Existência do
laboratório de
Sim
Não
Não sei Informar
Sim
Não
Não sei Informar
Sim
Não
Não sei Informar
informática
100
0
0
100
0
0
85
15
0
Segurança
para utilizar
Seguro
Inse-guro
Nunca utilizei
Seguro
Inse-guro
Nunca utilizei
Seguro
Inse-
guro
Nunca utilizei
o computador
0
0
100
17
17
66
14
14
72

Necessidade dez
aprender a
usar o
Sim
Não
Não tenho disponi-bilidade
Sim
Não
Não tenho disponi-bilidade
Sim
Não
Não tenho disponi- bilidade
computador
78
0
0
83
0
17
100
0
0
Logo Gráfico
Conhe-ço
Desconheço
Conhe-ço
Desconheço
Conhe-ço
Desconheço
11
89
0
100
15
85
Contato com
A
Sim
Não
Não sei o que é isso
Sim
Não
Não sei o que é isso
Sim
Não
Não sei o que é isso
Internet
44
56
0
66
34
0
7
43
0
Espaço físico do
laboratório de
Sufi-ciente
Insuficiente
Sufi-ciente
Insuficiente
Sufi-ciente
Insuficiente
informática
0
100
0
100
0
100
Curso para uso do computador no processo
ensino-
aprendizagem
Sim
Sem rela-ção com o uso em sala de aula
Não
Sim
Sem
rela-
ção
com o uso em sala de aula
Não
Sim
Sem rela-ção com o uso em sala de aula
Não
23
33
44
17
34
49
15
28
57
Computador poderá substituir o professor
Sim
So-mente quem não acom-panhar as mu-dan-ças
Nunca
Sim
So-
mente quem ,não acom-panhar as mu-
dan-
ças
Nunca
Sim
So-mente quem não acom-panhar as mu-dan-ças
Nunca
0
0
100
0
50
50
15
28
57

Fonte: Pesquisa realizada no C.E. “Frei Tomás”, maio/2002

Pelo Quadro1, observa-se a análise dos resultados obtidos pela tabulação dos questionários aplicados aos professores:

Quadro 1. Análise dos Questionários Aplicados aos Professores do Colégio Estadual “Frei Tomás”

Com relação a:
Todos
Somente o 1º Seg. do Ens. Fundamental
Somente o 2º Seg.
do Ens. Fundamental
Somente o Ensino Médio
Validade do uso do computador no processo ensino-aprendizagem
Aceitam o fato
Nunca utilizaram em suas aulas
Nunca utilizaram em suas aulas
A maioria nunca utilizou em suas aulas.
Necessidade de aprender a utilizar o computador como ferramenta pedagógica
Sentem essa necessidade
-
-
-


Substituição do professor pelo computador
-
Não crêem nessa substituição jamais
- parte acredita
- outra parte acredita que será substituído o professor que não acompanha mudanças
- parte não acredita
- parte crê que será substituído quem não acompanha mudanças
- parte acha que a tendência é a máquina substituir o homem

Logo Gráfico

Nunca ouviram falar
-
-
-

Internet
-
A maioria não teve contato com a rede
A maioria já teve contato com a rede
A maioria já teve contato com a rede

Ao Laboratório de Informática
Espaço físico e computadores insuficientes
-
-
-
Existência de cursos para o uso do computador no processo ensino-aprendizagem
-
Declaram que a escola nunca disponibilizou nenhum curso
Declaram que há curso oferecido pela Secretaria de Educação apenas no módulo básico
Alguns fizeram curso cuja a proposta era apenas apresentar o computador

Fonte: Pesquisa realizada no C.E. “Frei Tomás”, maio/2002

A partir da tabulação dos questionários respondidos pelos alunos do colégio, gerou-se a tabela a seguir:

Tabela 2 - Resultado dos Questionários Aplicados aos Alunos do Colégio Estadual “Frei Tomás”

Ensino Fundamental
Ensino
1.º Segmento (%)
2.º Segmento (%)
Médio (%)
Existência do
laboratório de
Sim
Não
Não sei Informar
Sim
Não
Não sei Informar
Sim
Não
Não sei Informar
informática
100
0
0
100
0
0
100
0
0
Espaço físico do
laboratório de
Sufi-ciente
Insuficiente
Sufi-ciente
Insuficiente
Sufi-ciente
Insuficiente
informática
0
100
0
100
0
100
Os professores usam o
computador nas
Sim, a maioria usa
Sim, poucos usam
Não
Sim, a maioria usa
Sim, poucos usam
Não
Sim, a maioria usa
Sim, poucos usam
Não
aulas
0
0
100
0
30
70
0
0
100
Você gosta quando o
professor
Sim
Não
Não faz diferença
Sim
Não
Não faz diferença
Sim
Não
Não faz diferença
usa o computador na aula
100
0
0
90
0
10
100
0
0
Contato com
a Internet
Sim
Não
Não sei o que é isso
Sim
Não
Não sei
o que
é isso
Sim
Não
Não sei o que é isso
24
76
0
25
75
0
17
83
0
Importância
Sim
Não
Depende
Sim
Não
Depende
Sim
Não
Depende
do uso do
computador na escola
16
0
84
35
0
65
83
0
17

Fonte: Pesquisa realizada no C.E. “Frei Tomás”, maio e junho/2002

Pelo Quadro 2, faz-se a análise dos dados obtidos pelas respostas dos alunos aos questionários, aos quais foram submetidos:

Quadro 2. Análise dos Questionários Aplicados aos Alunos do Colégio Estadual “Frei Tomás”

Com relação a:
Todos
Somente o 1º Seg.
do Ens. Fundamental
Somente o 2º Seg.
do Ens.
Fundamental
Somente Ensino Médio
Uso do computador pelos professores nas
aulas
Dizem que seus professores não usam
-
- A maioria diz que seus professores não usam
- Alguns dizem que poucos usam
Um aluno comentou que nunca foram dadas aulas no laboratório
Motivação
quando o computador é usado como ferramenta pedagógica
Todos
gostam
-
- Poucos afirmaram que não faz diferença
-


Internet
A maioria não teve contato com a rede
-
-
-
Ao Laboratório de Informática
Espaço físico e computadores insuficientes
-
-
-
Validade do uso do computador no processo ensino-aprendizagem
Todos acreditam
Defendem o fato que deve ser utilizado de forma adequada
Defendem o fato que deve ser utilizado de forma adequada
-

Fonte: Pesquisa realizada no C.E. “Frei Tomás”, maio e junho/2002

José Eduardo Araújo, Diretor Geral do Colégio Estadual “Frei Tomás”, Licenciado em Estudos Sociais, com trinta e dois anos de experiência no magistério, expressou com respostas curtas sua visão sobre o uso do computador na escola. É importante ressaltar que 15 % dos professores do Ensino Médio do colégio não sabiam sequer da existência do laboratório de informática da escola. A gestão escolar tem relevância crucial na inserção do uso do computador não só no processo ensino-aprendizagem, mas na escola como um todo. Eis trechos da entrevista concedida:

Na sua opinião, você acha importante o uso do computador no processo de ensino-aprendizagem?

Nos tempos em que vivemos, não há como adiar este processo, seria retroceder.

Como é o espaço físico do laboratório de informática?

Não condizente com a necessidade da escola.

Você já ouviu falar de “LOGO GRÁFICO”?

Sim, porém de forma muito restrita.

A sua escola é ligada à “INTERNET”. Tem home page?

Sim. Não tem home page.

A escola oferece aos seus alunos acesso à INTERNET para a realização dos trabalhos escolares?

Não, por falta de uma estrutura em nosso laboratório.

A secretaria de sua escola é informatizada?

Não.

A partir da análise dos questionários aos quais foram submetidos alunos e professores e da entrevista concedida pelo diretor do colégio, ratifica-se que o laboratório da escola conta com espaço físico inadequado. A postura correta das crianças fica prejudicada, visto que o número de computadores não corresponde à média de alunos por turma.

No dia 07 de junho de 2002, realizaram-se na escola várias atividades com o intuito de verificar a motivação dos alunos estando presente o computador e coletar opiniões dos mesmos sobre o uso dessa nova ferramenta no processo ensino-aprendizagem. Eis a descrição das atividades:

Atividade 1: Os alunos do Primeiro Ano do Curso de Formação de Professores, estavam no pátio quando foram chamados ao laboratório de informática para a realização da atividade. Para espanto geral, todos compareceram ao laboratório, sendo necessária a repetição da atividade para que fosse possível atender a todo o grupo. Inicialmente foram apresentados slides que tratavam do tema “Informática em Educação”. Após iniciou-se uma discussão sobre o tema apresentado. Posteriormente, os alunos assistiram novos slides com uma ilusão de ótica com a bandeira brasileira.

Uma outra questão que requer atenção é a inclusão da Informática Educativa nos currículos dos Cursos de Formação de Professores. O interesse dos alunos do Curso de Formação de Professores do Colégio Estadual Frei Tomás pela Informática ficou bastante claro em suas declarações.

Alguns comentários foram feitos pelos alunos após a realização da atividade. Eis alguns:

1. Priscila Esperança Aguiar, comentou: “Eu até concordo que a informática é muito importante, e seria muito bom se todos os professores pudessem usar sempre que possível os computadores do colégio para aplicar uma atividade diferente que despertasse mais vontade de aprender nos alunos e também para tirar certas dúvidas e curiosidades”.

2. Sidiana Borges Ribeiro, falou: “A informática é muito importante, por isso eu acho que os colégios deveriam ter para ensinar aos alunos, porque tudo (praticamente) hoje é a informática. Dificilmente hoje consegue-se um emprego bom. Devemos sim dar oportunidades a aqueles que querem aprender e não podem”.

Atividade 2: Foram apresentados slides sobre a Copa do Mundo e também com a ilusão de ótica da bandeira nacional. Participaram dessa atividade os alunos da oitava série do Segundo Segmento do Ensino Fundamental e os alunos da quarta série do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental.

Os alunos da oitava série do Segundo Segmento do Ensino Fundamental foram liberados pela professora de Ciências, Érica Pinheiro da Silva, para participarem da atividade. Ela informou que alguns alunos haviam se recusado a assistirem sua aula e, provavelmente estariam no pátio. Os alunos foram levados ao laboratório e iniciou-se a atividade, mas houve uma interrupção: eram os alunos que estavam no pátio, solicitando permissão para a sua participação.

No decorrer da atividade, os alunos da oitava série fizeram comentários diversos, evidenciando que o uso de novas tecnologias contribui para a motivação dos alunos. Eis alguns:

1. Bruna Tavares comentou: “Eu acho a informática importante nas aulas, pois ela desperta o interesse e prende a concentração do aluno nas aulas. E além de descontrair também é divertido aprender a matéria de outros jeitos (como no computador)”.

2. Daniella Ribeiro de Araújo deu a seguinte opinião: “Deveria ter pelo menos uma hora de aula de informática em todos os colégios, pois a informática é muito importante para o futuro de todos nós”.

Também os alunos da quarta série do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental participaram da atividade autorizados pela professora Rita de Cássia Alves da Silva. Ela informou que os alunos estavam muito motivados. Encaminhados ao laboratório, mostraram-se interessados e faziam inúmeras perguntas sobre o assunto que era apresentado. Quando foi apresentada a ilusão de ótica contendo a bandeira nacional, não contiveram o entusiasmo e imediatamente solicitaram a repetição dos slides.

Interessados fizeram inúmeros comentários sobre a atividade. Eis alguns:

1. ”Seria muito interessante ter um computador na sala de aula, porque assim nós podemos saber mais sobre o computador, informações completas sobre o mundo. Seria bom se tivesse um computador na sala de aula para fazer o dever”, Carlos Avrignhy M. J. Júnior.

No comentário a seguir, ratifica-se a colocação de que o computador é visto pelo aluno da escola pública como um “trampolim” para a ascensão econômica e social. O Daniel expressa em sua tenra idade a percepção de que o domínio do computador é condição de empregabilidade.

2. “Nós achamos muito bom para quando a gente estiver maior ter um bom emprego. Obrigado!”, Daniel.

5. Conclusão

Embebidos pelo espírito prático do século XXI, estamos vivendo hoje a era da "Qualidade Total", inspirada nos princípios do Capitalismo, mas a escola não pode ser vista como uma empresa, basta levarmos em consideração que o produto final é o aluno, um ser biológico, histórico e social.

Nessa ótica, surge a inserção de novas tecnologias em educação, entre elas o computador. As escolas públicas consideradas aptas após apresentação de projeto receberam os equipamentos para a montagem dos laboratórios de informática. O que se vê na prática, são laboratórios sem infra-estrutura nenhuma: espaço físico inadequado, equipamento não condizente com a necessidade real das escolas, falta de softwares educacionais, inexistência de equipe técnica e a maioria deles ainda não permite acesso à Internet.

O que se verifica é o sub-uso do computador, seja na secretaria da escola ou na sala de aula. A realidade descrita não condiz com o que é recomendado para uma escola do século XXI, mas existem alguns recursos que podem ser utilizados para a melhoria dessa situação.

A Anatel deseja estender o acesso à rede para cerca de 13 mil escolas, o que facilitaria a utilização dos freeewares. As escolas do interior utilizam provedores locais e ainda arcam com a conta telefônica. No interior do Estado do Rio de Janeiro fala-se em Rede Livre, onde o custo mensal é o mesmo de um provedor e não se pagam as chamadas telefônicas, o que pode ser uma boa opção até a chegada do programa da Anatel. Com isso, o acesso à Internet seria estendido aos alunos, os softwares educativos livres poderiam ser baixados e colocados em funcionamento no minúsculo Laboratório.

Foi divulgado no ano passado um programa do governo federal que previa a troca do Windows pelo Linux a fim de evitar gastos com a compra de programas. É conveniente ressaltar que a mudança do Windows para o Linux requer suporte e treinamento. Poucos profissionais de Informática do interior do país dominam o Linux, o que dificultaria o acesso ao treinamento, mas é inquestionável que o uso do software aberto diminui os gastos de implantação dos sistemas e oferece mais segurança para os usuários. É de suma importância que alternativas sejam criadas para superar essa dificuldade inicial.

Na prática, o laboratório de informática é um local sombrio cuja porta está sempre fechada e a chave guardada pelos diretores, que na maioria das vezes não olham com “bons olhos” aqueles professores que teimam em deixar a luz entrar pelos blecautes das cortinas.

É impossível não levantar a questão de que ainda hoje, profissionais de educação com vasta experiência, não estão abertos à inserção de novas tecnologias, entre elas o computador. Cabe ressaltar que as escolas públicas brasileiras, pelo menos as do interior do país, ainda são dirigidas pelas mesmas pessoas de vinte anos atrás e a mudança de paradigmas não é tão fácil de ocorrer.

Primeiramente é preciso convencer a direção e todo o pessoal envolvido. Logo, o primeiro passo é mostrar que existem saídas para diminuir os custos com equipamentos e softwares. O segundo passo é não cometer o erro de importar modelos, que na maioria das vezes não se encaixam no contexto da escola em questão, podendo representar um grande desperdício de recursos. O terceiro passo é exatamente a integração de toda comunidade escolar nas discussões sobre a inserção do computador na escola.

O professor não utiliza o computador por se sentir inseguro. O treinamento do profissional de educação esbarra na falta de recursos e na incompetência do pessoal gerenciador na montagem dos cursos, que geralmente são ministrados por profissionais altamente técnicos sem nenhum contato com a Pedagogia, intensificando ainda mais a distância entre a teoria e a prática.

É imprescindível a inserção da Informática Educativa nos cursos de Formação de Professores. Assim, os novos profissionais de educação estarão aptos a utilizar o computador em suas aulas, o que certamente tornará o ensino mais produtivo.

Na escola pública básica, percebe-se a preocupação dos alunos de todas as idades com sua inserção no mercado de trabalho. O domínio das novas tecnologias, especialmente do computador, é visto como pressuposto para um futuro melhor.

A motivação quando o computador é utilizado no processo de ensino-aprendizagem não se explica apenas pelo interesse no trabalho futuro, mas o uso dessa ferramenta desperta curiosidade, melhora a concentração e permite a descontração, tornando a tarefa de aprender mais divertida.

Em síntese, a informática encontra-se presente em nossa vida cotidiana e, incluí-la no processo ensino-aprendizagem, significa preparar os estudantes para o mundo tecnológico e científico, inserindo a escola nesse mundo real.

A escola pode ser centenária ou não, basta estar aberta a essa nova realidade e fazer bom uso dessa tecnologia no processo ensino-aprendizagem para oferecer a sua clientela a apropriação do conhecimento, dando-lhe as bases necessárias para a competição em um mundo que hoje exige a qualidade total.

6. Referências Bibliográficas

VALENTE, J.A. Por Quê o Computador na Educação. Textos Suplementares. Módulo Internet e Educação. Lavras: UFLA/FAEP, 2001.

SETZER, V.W. Computador. Pode ser Perigoso para Menores. Jornal Vida Integral. Entrevista. Disponível em: http://www.ime.usp.br/~vwsetzer

BARROS, R. S. M. de. O Computador na Escola. Artigo. Disponível em: http://www.jt.estadao.com.br/noticias/99/01/28/ar1.htm

LUCENA, M. Globo-On. Entrevista. Disponível em: http://www.sitededicas.uol.com.br/artigo8.htm

PARO, V. H. A Gestão da Educação Ante as Exigências de Qualidade e Produtividade da Escola Pública. V Seminário Internacional sobre Reestruturação Curricular. Porto Alegre/RS. 1998. Apostila.

PARO, V. H. Educação para a Democracia: O Elemento que Falta na Discussão da Qualidade do Ensino. 23.ª Reunião Anual da ANPEd. Caxambu/MG. 2000. Apostila.

FOLHA ON LINE. O Governo Deve Desistir de Windows em Computador de Escola Pública. Artigo. Março de 2001. Disponível em: http://www.uol.com.br/folha/educacao/ult305u3255.shtml

Texto disponível em < http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/ead/document/?code=27&tid=11 >. Data de acesso 15 /04 /2006

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