9/26/2012

Mundo levará décadas para implantar 'ensino do século 21', diz pesquisador


A maioria das escolas do mundo parou no tempo e ainda não se adequou às demandas e desafios do século 21. Enquanto a sociedade desenvolve e depende cada vez mais de novas tecnologias, as instituições de ensino parecem não saber como acompanhar essas transformações e sofrem para se comunicar com os alunos. A avaliação é do pesquisador David Albury, da Gelp (sigla em inglês para Global Education Leaders' Program ou, na tradução livre, Grupo Global de Líderes da Educação), que esteve no Brasil na última semana e participou de um bate-papo com jornalistas sobre os desafios na área de educação, realizado na última segunda, dia 24, em São Paulo.
O Brasil é um dos 10 países que faz parte do grupo, responsável por pesquisas sobre como implantar um sistema educacional adequado aos conhecimentos, necessidades e habilidades requeridos para os dias atuais. Para o estudioso, embora já existam exemplos de escolas adotando novas metodologias de ensino, ainda não é possível apontar um caminho certo a seguir, nem tampouco calcular em quanto tempo o mundo adotará a chamada "educação para o século 21", capaz de conquistar e atrair os estudantes, e de proporcionar, de fato, um ensino de qualidade aplicado à vida adulta.
Para exemplificar o lapso entre o que o mercado quer dos jovens recém-formados e o que eles aprendem nas instituições de ensino, Albury cita alguns dos pré-requisitos que ainda não entraram nas grades curriculares das escolas, como a capacidade de trabalhar em equipe, de solucionar problemas, de se comunicar bem, além da criatividade e do empreendedorismo.
"Nós hoje sabemos que as escolas deveriam adotar um ensino mais 'personalizado', com um currículo que atenda ao perfil, aos problemas, às necessidades e aos interesse dos alunos. (...) Também sabemos que as crianças não aprendem só nas escolas, (...) mas que a tecnologia, embora fundamental, não é tudo em uma instituição de ensino. (...) Enfim, nós sabemos o que precisamos, mas ainda não sabemos como realizar essa mudança, (...) como será esse novo modelo de ensino, e esse é o nosso grande desafio", disse Albury. "Não são os alunos de hoje que são desengajados. Nós é que não soubemos engajá-los a aprender", completou o pesquisador, ao apresentar uma análise dos desafios e obstáculos que os educadores deparam.
Para tentar identificar soluções, o grupo tem percorrido o mundo em busca de instituições de ensino que tenham adotado experiências inovadoras e bem sucedidas, que possam servir de exemplos, tanto em áreas ricas quanto em lugares pobres. A ideia é, a partir desses exemplos, implantar aos poucos projetos pilotos desse novo modelo de educação. Entretanto, ainda será preciso percorrer um longo caminho até que se alcancem os mecanismos capazes de serem disseminados e implantados em escalas maiores.
"Existem alguns obstáculos. Por exemplo, ainda não sabemos como testar, nesse novo modelo de educação, o aprendizado dos alunos. E como vamos avaliar e capacitar os professores? (...) (No Reino Unido) Nós levamos 1.000 anos para desenvolver esse sistema de educação que temos hoje. Ou, no caso do Brasil, 300 ou 200 anos... Então essa mudança não vai acontecer da noite para o dia, vai levar anos, talvez décadas", disse o pesquisador, em encontro promovido pelo Instituto Inspirare, em São Paulo. [Fonte: Terra]

9/02/2012

Críticas a escolas unem blogueiras mirins de Brasil e Escócia


Embora uma esteja em Argyll, na Escócia, e a outra em Florianópolis, no Brasil, as meninas Martha Payne, 9 anos, e Isadora Faber, 13, têm muito em comum. Tímidas, porém questionadoras, as duas sonham em ser jornalistas e chamaram a atenção da mídia ao criticar as escolas onde estudam em blogs na internet, cobrando das autoridades soluções para os problemas.
A convite da BBC Brasil, as duas blogueiras-mirins trocaram vídeos contando mais sobre a experiência pessoal de cada uma. Martha ficou feliz em saber que serviu de inspiração para Isadora. "Bom trabalho! Aposto que você também vai inspirar muitas outras crianças ao redor mundo!", disse a escocesa no vídeo.
Ainda no final de abril, a escocesa criou o blog Never Seconds (Nunca Repetir o Prato, em tradução livre), criticando a pouca quantidade e baixa qualidade da merenda em sua escola. Além de apontar que alguns alimentos não eram saudáveis, Martha dizia que muitas vezes chegava em casa ainda com fome.
Na época, a BBC Brasil entrevistou o pai da menina, Dave Payne, trazendo a história para o público brasileiro. Na capital de Santa Catarina, Eduarda Faber, de 15 anos, leu a reportagem na internet e mostrou para a irmã mais nova.
Conhecida na família por seu lema "tacar o horror", Isadora, que desde muito antes já dizia que pretende trabalhar como repórter, se inspirou pela ideia e logo enxergou a possibilidade de expandir o projeto. "Se ela falou das merendas e deu resultado, vou falar também de outras coisas, porque minha escola tem mais problemas", foi a reação da garota, relembra a mãe, Mel Farber.
Brasil
Por ser mais nova, Martha divulgou as fotos das merendas em um blog montado e mantido com a ajuda do pai. Já a pré-adolescente brasileira criou sozinha a página Diário de Classe: A Verdade no Facebook, com fotos de bebedouros e ventiladores quebrados, uma quadra sem cobertura e até um pedido para que um professor fosse substituído.

"Estamos no Brasil, as coisas podem ser mais difíceis", aconselhou a mãe. "Mas mesmo assim ela embarcou na ideia e seguiu firme", conta. Dias depois, após sites de notícias, jornais e programas de TV darem destaque ao assunto, o governo local anunciou a troca do professor e uma série de reformas foram iniciadas na escola.
Como boa jornalista, Isadora está de olho e vem postando fotos das obras que incluiem pintura da escola, novos banheiros, instalação de novas portas e até de um telefone público novo. O blog da escocesa Martha foi lido por quase 8 milhões de pessoas em quatro meses e a página da brasileira Isadora no Facebook, em pouco mais de um mês já conquistou quase 200 mil seguidores.
Reações
Martha também conseguiu o que queria. Seu blog virou notícia não só na Grã-Bretanha mas em diversos países, e sobretudo nos Estados Unidos e na Austrália, muitas crianças copiaram a ideia. "Sei que também há projetos semelhantes na França, Alemanha e na Nova Zelândia", diz Dave. "Mas a grande maioria foca no assunto das merendas. A página da Isadora é a primeira a tratar de tantos assuntos, em um lugar tão longe, e sem dúvida é a que rendeu mais repercussão até agora", acrescenta o pai da menina.

Tanto a escocesa como a brasileira, no entanto, tiveram que manter-se firmes diante de represálias dentro e fora da escola. "Os professores apoiavam, mas o conselho de educação da região não gostou e acabou retaliando", diz Dave. Em junho, o conselho de Argyll decidiu que a menina não poderia mais postar fotos de merendas em seu blog e proibiu os professores de comentarem o assunto em sala de aula.
"É difícil, porque o governo é muito maior do que nós. Ela se assustou, mas logo expliquei que os adultos ficaram bravos porque estavam com muita vergonha", explica o escocês.
Em Florianópolis, professores, coordenadores, a diretora e até as merendeiras da escola quiseram impedir Isadora de continuar com as críticas. "Puxavam o prato da mão dela na hora da merenda. Foi sério. Ela sofreu repressão mesmo e ainda não terminou, porque a reforma da escola está na metade. Mesmo assim ela nunca faltou à aula", diz Mel.
A página da catarinense entrou no ar no dia 13 de julho, mas só ganhou repercussão nacional nesta semana. "Tive até que me afastar do trabalho. Ela tem dado entrevistas todos os dias, para jornal, portais, telejornais. Não posso deixá-la sozinha", diz a mãe da catarinense.
África e livro
Além das críticas às merendas, o blog de Martha lançou uma campanha para arrecadar fundos para a Mary's Meal, uma entidade de caridade que entrega alimentos a escolas na África.

Em quatro meses ela arrecadou 114 mil libras (R$ 370 mil), e no fim de setembro irá ao Malawi, um dos países mais pobres do continente africano, para acompanhar os programas beneficentes. Dave adiantou à BBC Brasilque ele e Martha estão escrevendo um livro sobre o blog, os bastidores, e como o projeto foi recebido pelo conselho de educação e por crianças ao redor do mundo. Com previsão de lançamento para o Natal, o livro se chamará Never Seconds.
"O contato entre Martha e Isadora certamente será um dos pontos altos do livro", diz Dave. "Precisamos comemorar o que estas duas meninas estão fazendo. O mais bacana é que não há política para as crianças. Elas veem o mundo real, e é ótimo vê-las sendo ouvidas. Elas não têm medo de errar. Os adultos desistem muito fácil". [Fonte: Terra]


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